Aqui se publica um comentário-reflexão do amigo M., com alguma nostalgia e muito sentimento. É a vida a funcionar na plenitude do tempo, com todos os 'up-grades' adquiridos na leveza das coisas simples, cujo valor apenas se alcança com a maturidade humilde do belo.
Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem " Convite":
O PAI NATAL QUE EU CONHECI
Quando atingimos aquela idade em que os mais novos nos chamam de velhotes, damos connosco s dizer e a defender, quando com eles comparamos o presente com o passado, que no nosso tempo de mais mais novos as coisas eram melhores do que são agora.
Certamente ao dizermos isso, quem nunca o disse que se levante, entra aqui alguma nostalgia e também não estamos a referirmo-nos à generalidade das coisas mas, por certo, a algumas que, por um ou por outro motivo, mais nos tocaram.
Ora! Esta minha introdução vem a propósito da quadra que se aproxima, já não chega a faltar um mês, e que se repete todos os anos desde os tempos mais longíquos da História da Humanidade.
Queiramos ou não, todos nós, uns mais do que outros, nos deixamos envolver pela sua mística e pela carga social que ela nos traz. É, pois, por tudo isto que vos convido para viajarem comigo até ao Natal da minha meninice e conhecerem o Pai Natal dessa época:
Lembro-me que nesse tempo o Pai Natal, a quem chamávamos de Menino Jesus, em vez das fartas ceias que hoje propicia na grande maioria dos lares, dava um jantar um pouco melhorado e depois juntava a família em volta da lareira onde a minha avó ia fritando os "velhozes" (com ainda hoje se diz na minha aldeia) e os coscorões que, depois de polvilhados com açúcar e canela, eram saboreados acompanhados de uma boa caneca de café quente como se fossem suculentas fatias de bolo-rei ou deliciosas lampreias de ovos.
Nesse tempo o Pai Natal, em vez de nos sentar em frente a uma qualquer televisão para vermos em directo os mais variados programas dessa noite que, muitas vezes, criam um vazio no convívio familiar, incumbia o meu avô de contar algumas histórias, com as quais eu adormecia sonhando, desde logo, com a prenda que o Menino Jesus iria colocar, durante a noite, no sapatinho que era propositadamente engraxado para a ocasião.
Nesse tempo o Pai Natal, em vez dos mil e um embrulhos com presentes que hoje amontoa junto do pinheiro de Natal, descia pela chaminé sorrateiramente e com mil cautelas, não fosse tropeçar nas canas do fumeiro de chouriços, para deixar no sapatinho um pequeno brinquedo que eu, no dia seguinte, exibia alegremente junto dos meus amigos. Ainda hoje recordo a alegria que senti quando recebi de presente a minha primeira bola de borracha que pouco maior era do que uma meloa. Como era diferente daquelas que nós confeccionávamos com trapos e meias de senhora que misteriosamente desapareciam das gavetas ou então dos arames com roupa a enxugar.
Nesse tempo o Pai Natal que eu conheci, guiava os homens e rapazes por caminhos escuros e escorregadios para poderem transportar aos ombros os troncos de árvores que surripiavam por aqui e por acolá para depois acenderem uma grande fogueira no largo da aldeia e que ardia durante toda a noite e no dia de Natal. Pela noite dentro divertia-se com eles em volta dessa fogueira ouvindo história e bebendo um copito de vinho ou de água-ardente, muitas vezes, oferecido pelos donos dos troncos que ardiam ali nas suas barbas. Quando algum deles descobria que aquela era a lenha que ele tinha destinado para se aquecer nas noites frias de Inverno, ficava um pouco irritado. Todavia, logo de seguida, tudo se amenizava com mais um copito e com a narrativa das peripécias passadas para a conseguirem trazer até ao local. Nos tempos de agora o Pai Natal desloca-se com os homens e rapazes em máquinas agrícolas e sem dificuldade transportam os troncos para a fogueira que ainda hoje se acende no largo da minha aldeia.
Não esquecendo que cada época vale o que vale, é evidente que a vida de agora é, para a maioria das pessoas e na generalidades das situações, bem melhor do que era a de então. Se assim não fosse, mal de nós! Porém, existe uma outra evidência sobre a qual eu não tenho dúvidas e que dela nunca irei abdicar: É a de que, apesar de menos generoso materialmente, o Pai Natal que eu conheci era bem mais humano e bem mais solidário. Com Ele, esta época, e não só, era vivida e partilhada com mais amizade, menos egoísmo e menos hipocrisia.
Como era diferente o Pai Natal dos tempos em que eu era menino!
BOM NATAL para todos.
Publicada por Anónimo em Placebo a 27 de Novembro de 2007 13:54
Boas-Vindas
Amigos,
Esta é uma net-expressão da QUINTA DA BORRACHA, vocacionada para os que têm a felicidade de a conhecer, e não só..., que permite partilhar e divulgar as suas actividades e belezas naturais, comentar assuntos e publicar intervenções.
Um local livre, que não faz bem nem mal, antes pelo contrário, mas que pode dar muito ... tanto quanto todos quisermos dar.
Todas as fotos de natureza foram obtidas na própria Quinta
Convido-vos à leitura ansiolítica e ao comentário...
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quinta-feira, 29 de novembro de 2007
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